O Circo Voador recebeu no último dia 23 de abril, feriado na cidade maravilhosa, as bandas Raimundos e Biohazard.
A primeira, um ícone do hardcore nacional, responsável por termos música com malícia, irreverência e principalmente peso nas FMs do Brasil na década de 90, início dos anos 2000. A banda sofreu várias mudanças em seu line-up, tendo o guitarrista/vocalista Digão como único remanescente da formação original. Completando o time temos Marquim (Guitarra), Caio (Bateria) e Jean (Baixista).
O Raimundos subiu ao palco com certo atraso, a primeira a ser desferida foi ‘Deixa eu Falar’, com Digão iniciando a música fora do palco e a guitarra de Marquim falhando. Felizmente já na metade da música, Digão já dava as caras no palco e a guitarra voltara a funcionar.
Mesmo com uma ótima performance de palco, um belo telão de led com o logo da banda e som bem claro, o público iniciou meio morno e começou a se animar um pouco antes da metade do set. A banda usou e abusou de seus maiores hits, ‘I saw you saying’, ‘Me lambe’, ‘Palhas do coqueiro’, ‘Reggae do manêro’, ‘A mais pedida’, ‘Mulher de fases’, ‘Puteiro em João Pessoa’ e ‘Eu quero ver o oco’.
Digão lembrou a extinta rádio ‘Fluminense FM’, como uma rádio que apoiou bem a banda e tocou por diversas vezes a paulada ‘Tora Tora’. A banda ainda executou os riffs de ‘Raining Blood’ (Slayer) na execução de ‘Bê a Bá’ e ‘Creeping Death’ (Metallica) em Rapante.
Uma apresentação segura, com músicos que cumprem bem seus papéis, com vasta experiência de palco, não deixando o peso cair um minuto sequer. Músicas conhecidas por boa parte dos presentes que assegurou a banda a ser um open act perfeito para a ocasião. No fim o público estava animado e pronto para os nova-iorquinos do Biohazard.
Troca de equipamentos e logo, Evan Seinfeld (vocalista e baixista), Billy Graziadei (vocalista e guitarrista), Bobby Hambel (guitarrista) e Danny Schuler (baterista) sobem ao palco do Circo Voador como uma locomotiva desgovernada ao som de ‘Urban Disciple’, faixa que dá nome ao segundo álbum da banda lançado em 1992, talvez uma das capas mais divulgadas no início dos anos 90 nas revistas especializadas.
O massacre sonoro continuou com ‘Shades Of Grey’, também de Urban Disciple, ‘Tales from the hard side’ (State of the World Address, 1994). A banda estava ensandecida no palco, a empolgação e a troca de energia com o público era notória.
‘Wrong Side of the Tracks’, ‘Black and White and Red All Over’, ‘Retribution‘ e ‘Five Blocks to the Subway’ vieram na sequência mostrando todo o poderio do Biohazard. Impossível não citar o ânimo dos músicos que se movimentaram o set inteiro como jovens adolescentes no palco, disposição invejável dos já sexagenários.
Em meio a tantos clássicos a banda ainda encontrou espaço para o cover de ‘We’re Only Gonna Die’ do Bad Religion. O público se divertia e se deleitava ao som da música furiosa do Biohazard, rodas e alguns… hã… projetos de stage dive mostravam a empolgação dos presentes. O mais bacana de tudo foi ver a banda direcionando sua fúria para boas causas, falando de paz e até mesmo campanha contra o câncer de mama.
No fim, sorrisos e muito, muito suor dos que se aventuraram em meios a roda e a agitação maior do público. Duas bandas que apesar do peso e suas raízes calcadas no Hardcore soam bem díspares quanto as suas propostas. E ok! Isso faz com que a arte seja algo tão incrível, um dos grandes shows do ano até o momento.
Raimundos Setlist: Deixa Eu Falar / Opa! Peraí, Caceta / 20 e poucos anos (Cover Fábio Jr.) / I Saw You Saying (That You Say That You Saw) / Me Lambe / Palhas do Coqueiro / Marujo / Nariz de doze / Bê a Bá / Reggae do Manêro / Rapante / A Mais Pedida / Mulher de Fases / Puteiro em João Pessoa / Tora Tora / Eu Quero Ver o Oco.
Biohazard Setlist: Urban Discipline / Shades of Grey / Tales From the Hard Side / Wrong Side of the Tracks / Black and White and Red All Over / Retribution / Five Blocks to the Subway / How It Is / Down for Life / Victory / Love Denied / We’re Only Gonna Die (Cover Bad Religion) / Punishment / Hold My Own.