
Uma semana após o grandioso Hell In Rio, era a vez de São Paulo homenagear o Heavy Metal nacional. Após 10 anos, o BMU (Brasil Metal Union) retorna com a mesma grandiosidade que sempre ostentou. A edição de 2016 contou com 10 bandas nacionais oriundas de várias partes do Brasil. A iniciativa de Richard Navarro, desde a primeira edição do BMU, é a de incentivar, divulgar e valorizar o cenário brasileiro.
A edição 2016 do BMU aconteceu no Tropical Butantã. Uma casa dotada de uma bela estrutura. Banheiros, bares, camarotes, um amplo espaço físico, telão que cobre toda a extensão do palco, excelente iluminação e sistema de som.
A abertura da casa aconteceu pontualmente as 12:00 hs. Os primeiros que chegaram foram contemplados com um CD do festival contendo uma música de cada banda que ia se apresentar. Com a primeira banda marcada para entrar no palco as 13:00 hs, o público pôde assistir ao show “Super Peso Brasil” no telão do Tropical Butantã.
Após a execução do Hino Nacional e a bandeira do BMU hasteada como backdrop, o Soulspell foi a primeira banda a subir no palco. A banda é formada por uma constelação de artistas e tem em seus álbuns uma temática fantasiosa nos moldes de uma Ópera Metal. A banda aproveitou a oportunidade para pré-lançar seu quarto álbum de estúdio, “The Second Big Bang”.
A programação do BMU seguiria então da seguinte forma, cada banda tocaria um set de 40 minutos e após o encerramento da apresentação, o público teria 20 minutos de clips, apenas de bandas nacionais, até a próxima apresentação. Com este planejamento, a cada hora redonda tínhamos uma nova banda no palco. Lembrando que eram 10 bandas, a primeira tocou as 13:00 hs, agora é só fazer as contas. Isso mesmo 10 horas de evento.

A segunda banda da noite a se apresentar foi uma das lendas da coletânea “S.P Metal” , lançada no ano de 1984, o Salário Mínimo. China Lee (Vocal) e Junior Muzilli (Guitarra), membros originais da banda continuam com a chama do Metal ainda acesa e anunciaram que estão preparando um novo álbum do Salário Mínimo, o sucessor de “Simplesmente Rock” de 2009. Completam a banda o insano baixista Diego Lessa, Daniel Beretta (Guitarra) e Marcelo Campos (Bateria). Um dos momentos mais marcantes da apresentação foi quando os irmãos Paulo (o Paul X do Monster) e Carlos Anhaia subiram ao palco e China Lee dedicou a música ‘Cabeça Metal’ ao pai dos irmãos.
O Cangaço, trio formado por Magno Barbosa Lima (Vocal / Baixo), Rafael Cadena (Vocal / Guitarra) e Mek Natividade (Bateria) levou uma interessante mescla de Death Metal a sons nordestinos ao palco do BMU. Os recifenses contam com um álbum lançado, “Rastros” (2013) e fizeram uma apresentação bem coesa ao longo do set. Uma das gratas surpresas ficou por conta do cover de ‘Cavalos do Cão’, música de Zé Ramalho.
A quarta banda a subir no palco foi a Semblant. Recém contratados pelo selo de David Ellefson, baixista do Megadeth, a banda de Curitiba apresentou seu intrincado Gothic Metal. A banda contou com a performance de duas dançarinas em alguns momentos do show, mas nem precisava tanto para prender a atenção do público.
A banda conta com dois álbuns, “Last Night of Mortality” (2010) e “Lunar Manifesto” (2014) que traz como carro chefe a música ‘What Lies Ahead’, atingindo mais de 7 milhões visualizações no Youtube. O contraste das vocalizações entre Sergio Mazul e Mizuho Lin funcionam muito bem. Belíssima apresentação.
Bruno Sutter foi a atração seguinte do BMU, o músico apresentou material de seu disco solo, auto intitulado, lançado em 2015 e para muitos foi uma das surpresas do festival. Deixando o baixo por conta de ninguém mais, ninguém menos, do que Luís Mariutti (ex-Angra, Shama, atual About 2 Crash), Bruno teve maior liberdade para utilizar o palco. Bruno ainda conta em sua banda com os competentes Christian Oliveira (Bateria), Guilherme Mateus e Attilio Negri (Guitarra).
Vindos da Bahia, o Headhunter D.C., subiu ao palco do BMU para celebrar os 30 anos da banda. A mesma promoveu um verdadeiro massacre sonoro e um verdadeiro culto ao Death Metal. O vocalista Sérgio Baloff exaltava o já consagrado 666 e pedia para que o público levantasse as mãos fazendo os chifres do Metal.
Relançando o álbum “In Unholy Mourning”, originalmente lançado em 2012, a apresentação contou com letras profanas, pesadas e que conseguiram prender bastante o público.

20 minutos para colocar os pescoços no lugar, comprar algum merchandising, que aliás foram sumindo rapidamente das banquinhas das bandas, e aguardar o retorno de uma grande banda nacional, falamos da banda Monster, que estava inerte a 8 anos.
Adentrando ao palco com camisas de futebol americano, Paulo Anhaia ou Paul X (Vocal / Baixo), E.V. Sword (Bateria) e Daniel Iasbeck (Guitarra) fizeram um belo apanhado dos três álbuns lançados pela banda. Como a ocasião era especial, a banda ainda recebeu Alexandre Grunheidt (Ancesttral) e Carlinhos Anhaia no palco.
Emocionante apresentação do início ao fim. Ao término da última música do set, ‘Monster’, os presentes clamaram em uníssono por um retorno definitivo da banda. Bastante emocionado Paulo disse o quanto estava emocionado e que daquele jeito dava até vontade de tocar mais, vamos ver o que o futuro reserva.
As thrashers da banda Nervosa subiram ao palco com a pegada habitual, sons fortes, rápidos e com muito peso. Acompanhando Fernanda Lira (Vocal / Baixo) e Prika Amaral (Guitarra) estava a baterista “estagiária” Luana. As meninas foram responsáveis pelas rodas mais intensas de mosh do festival. Fernanda quando subiu ao palco, disse que iriam causar e realmente causaram. O set foi todo em cima dos dois álbuns da banda: Agony (2016) e Victim of Yourself (2014). As meninas ficaram após o show atendendo aos fãs, que não foram poucos, na sua banquinha de merchandising, simpáticas e bem humoradas, deram atenção a todos.
Aliás, esse foi um ponto bacana do festival, a maior parte das bandas ficaram a disposição dos fãs para autógrafos e fotos, o respeito e admiração eram mútuos entre quem estava assistindo e aos que estavam em cima do palco.
A penúltima banda a se apresentar foi a gaúcha Hibria. A banda tinha tocado no fim de semana anterior no Rio de Janeiro e manteve a pegada em São Paulo. A banda já consagrada no cenário nacional e internacional veio com seu técnico Power Metal e encantou os fãs.

O vocalista Iuri Sanson é uma figura única, o cara parece estar ligado em alta voltagem a todo momento, corre, salta, se mistura aos fãs, o cara é realmente um grande frontman. Aliados a esta potente presença de palco temos os precisos Ivan Beck (Baixo), Abel Camargo (Guitarra), Renato Osório (Guitarra) e o animal, no bom sentido, Eduardo Baldo (Bateria). A apresentação ainda contou com a participação do vocalista Mario Pastore. Show perfeito.

Os mineiros do Tuatha de Danaan fecharam o BMU como sendo a banda que mais se apresentou no festival até hoje. Das sete edições, contando com esta, os caras apenas não tocaram na edição de 2005.
As músicas do Tuatha são um pouco longas e um atraso na entrada da banda fez com que seu set fosse um pouco mais curto. Bruno Maia interagiu bastante com os presentes e o Folk Metal rolou solto.
O BMU então chegava ao fim da edição 2016. Um dos festivais referência para as bandas nacionais e para o público brasileiro, um verdadeiro marco para a história do Heavy Metal nacional. Que a semente plantada e cultivada com tanto respeito e carinho por Richard Navarro possa ainda nos render bons frutos.
Soulspell Setlist: The Entrance / Labyrinth / Troy / Adrift / Dead Tree / Age Of Silence / A Secret Compartment.
Salário Mínimo Setlist: Delírio Estelar / Beijo Fatal / Anjo Da Escuridão / Dama Da Noite / Noite De Rock / Jogos De Guerra / Cabeça Metal.
Cangaço Setlist: Nação / Arcabuzado / Al Rasif / Rondon / Arretado / Bombardeio / Corpus / Cavalos do Cão / Cantar Às Excelências das Armas Brancas.
Semblant Setlist: Dark Of The Day / Mists Over The Future / Ode To Rejection / The Shrine / What Lies Ahead / Bursting Open / Incinerate.
Bruno Sutter: My Boss Is A Corpse / GrAttitude / Stalker / Socorro / Provoke Yourself / Haters Gonna Hate / Best Singer In The World / Galopeira.
Headhunter D.C.: Intro / Death Of Heresy / Stillborn Messiah / …And The Sky Turns To Black… / Am I Crazy? / Death Vomit / God’s Spreading Cancer / Hail The Metal Of Death.
Monster Setlist: Why Don’t You Wake Up / If You Can’t Trust Me / Fire (Burn) / At Last
The Show Is Not Over / Shut The Fuck Up / Monster.
Nervosa Setlist: Hypocrisy / Arrogance / Death! / Surrounded By Serpents / Intolerance / Means War / Masked Betrayer / Hostages / Theory Of Conspiracy / Into Moshpit.
Hibria Setlist: Silent Revenge / Lonely Fight / Steel Lord On Wheels / Blinded By Faith / Leading Lady / Pain / Shoot Me Down / Tiger Punch.
Tuatha de Danann: We’re Back / Rhymes Against… / Land Of Youth / Tanpingaratan / The Brave / Dance Of The Little Ones / US.